quarta-feira, maio 28, 2008

A Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento

Gênesis 2:9, 16-17
9) - E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
16) - E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente,
17) - Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

Existem duas maneiras distintas de se conhecer a Deus.
Alguns o conhecem pela carne, outros o conhecem pelo Espírito.
Uns conhecem pela arvore da vida e outros pela árvore do conhecimento.
Quando Deus criou o homem, Ele o fez completo e pleno e colocou a sua disposição a arvore da vida, para que dela comesse e não adoecesse e morresse.
Havia duas naturezas no éden, a da vida e da verdade, que era para ser desfrutada e a do conhecimento, que era para ser evitada.
O homem preferiu o conhecimento, a informação, a sabedoria deste século.
Desde então, o homem tem dificuldades de entender as coisas em seu espírito, e uma facilidade e avidez para captar as coisas em sua mente, em sua alma.
Hoje, temos muito mais facilidade de conhecermos a Cristo em nossa mente, pela carne, do que em nosso espírito, pelo Espírito.
Necessitamos entender e sentir as coisas, e não conseguimos crer, embora a fé possa e deva ser racional, ela não depende da mente ou da alma (intelecto e emoções), ela é transcendental (vem de dentro e de fora).
Fé é Sobrenatural, a mente não pode entender o que não é de sua mesma natureza!

Duas Espiritualidades
II Coríntios 5:16-17
16) - Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo.
17) - Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.

Muitos conhecem a Cristo, mas apenas na carne, não no Espírito, o conhecimento que têm do Senhor, é apenas superficial, não tem a profundidade do Espírito Santo.
O que é deste mundo é apenas daqui e não pode conceber o que é Eterno, as coisas da eternidade só podem ser concebidas através da árvore da vida.
Vejamos alguns exemplos na palavra:

Maria Madalena
João 20:11-18
11) - E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro.
12) - E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.
13) - E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
14) - E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.
15) - Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
16) - Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer, Mestre).
17) - Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
18) - Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto.

O Senhor passou por uma transformação (morte e ressurreição), era necessário que agora Maria passasse por uma transformação para reconhecê-lo.

Os Discípulos em Emaús
Lucas 24:13-16
13) - E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús.
14) - E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido.
15) - E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles.
16) - Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem.

Jesus faz uma explanação das escrituras (24-27), eles compreendem, mas mesmo assim não reconhecem ao Senhor, ou seja, ensinamento é bem diferente de revelação.
Muitos são iniciados nas sagradas letras, são conhecedores das escrituras, mas não conhecem o Mestre, em semelhança dos fariseus, que conheciam as escrituras, a lei, Moisés e os profetas, mas não reconheceram ao cumprimento deles em Pessoa, Jesus Cristo.
O conhecimento interior é o verdadeiro conhecimento!

Os Sete Apóstolos
João 21:2-5
2) - Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos.
3) - Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam.
4) - E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus.
5) - Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não.
Talvez com exceção de Tomé, os outros discípulos já haviam visto o Senhor pelo menos duas vezes depois da ressurreição e antes deste fato na beira do mar.
Tomé o havia visto na última aparição, imediatamente anterior ao fato aqui relatado, e tinha tocado com as próprias mãos no corpo do Senhor!
Por que mesmo assim ninguém o reconhece agora?

Cegos e Obscurecidos
II Coríntios 4:3-4
3) - Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que está encoberto,
4) - nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.
As pessoas não deixam de enxergar por que querem, mas porque não conseguem!
Por que o entendimento delas está obscurecido, está velado, lacrado, bloqueado.
Por isso muitos têm o entendimento obscurecido.
Até mesmo alguns que acreditam ser crentes, e o são, em parte, mas são, pois só podem crer em parte naquilo que só conhecem em parte.
Para a iluminação, o conhecimento da arvore da vida se dar é necessário que se retire o véu, e o incrédulo não pode por ele mesmo retirar o véu, é necessário que Jesus faça a obra.

A 2ª Unção
Marcos 8:23-25
23) - E, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa.
24) - E, levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens; pois os vejo como árvores que andam.
25) - Depois disto, tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos, e fez olhar para cima: e ele ficou restaurado, e viu cada homem claramente.
A revelação é um processo, às vezes pode se dar imediatamente, instantaneamente, e às vezes pode levar algum tempo e requerer alguns procedimentos.
Muitos de nós precisamos de duas unções, dois milagres, de duas bênçãos, de dois toques do Senhor em nossas vidas.
Revelar é tirar o véu, é o ato de tirar alguém da escuridão, do obscurecimento.
Por que muitos precisam de mais de um toque e outros não, para que recebam a revelação?

É que por vezes existem mais que um véu a ser retirado.
Às vezes o véu da incredulidade foi tirado, mas ainda ficou o véu do pecado; às vezes o véu do pecado é retirado, mas fica o véu da religiosidade, que talvez seja o pior e mais denso dos véus.
O véu do pecado é muitas vezes fácil de ser identificado em nós.
A incredulidade é vencida pela fé.
Mas o véu da religiosidade é o mais pegajoso, pois o religioso acredita piamente que teve uma experiência com Jesus, vive no pecado, mas acredita ser santo; alem de que o religioso é uma pessoa de fé, ele crê, nas coisas erradas e sem fundamento, mas crê; ele crê na palavra, crê nos fundamentos, tudo através da ótica religiosa e do conhecimento do bem e do mal, mas não da árvore da vida.

Jesus disse:
João 14:6
6) - Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
A verdade este diretamente em Jesus, sem nenhum outro atravessador ou intermediário.
Note que Jesus é o caminho, ou seja, o meio, por onde; Ele também é a verdade, ou seja, o fim, o objeto de busca, o alvo; e finalmente Ele é a vida, o resultado de se andar neste caminho, de se buscar e viver a verdade absoluta que é Ele mesmo.

João 15:1
1) - EU sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
Jesus é a videira, é dele que vem o fruto da vida e não do conhecimento técnico e processual dele.
Quem quiser conhecer o Senhor através da arvore da vida, deve desfrutar do fruto da videira.
A arvore do conhecimento trouxe a morte, mas o fruto da videira verdadeira traz vida e vida com abundancia.
A ceia representa exatamente isso, comermos do fruto da vide e vivermos para sempre!
Devemos renunciar nossos meios de fé e religiosidade e abraçarmos a vida da videira verdadeira!

Que Venha o Teu Reino!

quinta-feira, maio 15, 2008

Jesus e o Sofrimento Humano
























João 11:33-35
33) - Jesus, pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito, e perturbou-se.
34) - E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor vem, e vê.
35) - Jesus chorou.


Desde a nossa infância ouvimos falar sobre Deus.
Não importa em qual cultura, a presença deste ser, mitológico pra alguns, mas real para muitos, é constante em relatos, estórias, histórias, cultos e rituais.
Embora muitos ao redor do mundo o tenham por real, a idéia que fazem deste Deus é a de um ser distante, frio e impessoal, seja o Zeus habitante do distante e intangível Olímpio ou o fabuloso Odin da mítica e inalcançável Asgard, ou Sheeva, Tupã, Osíris, Júpiter, deuses dos mais diversos panteões, mas todos com uma característica em comum, impessoais, distantes e indiferentes com o homem e sua história.
No Judaísmo vamos encontrar um Deus mais preocupado com a história humana, um Deus que busca o homem, que caça o homem no jardim, que tenta uma história de sucesso com uma família no Éden e apesar da frustração, tenta mais uma vez a mesma história com uma família no barco grande.
Um Deus que intervém, mas que procura não interferir, não por displicência, omissão ou indiferença, mas por respeito à capacidade de escolha de suas criaturas.
Um Deus tão participativo que faz aliança com o homem, no Ararat, em Moriá, no Horebe ou Sinai, sempre se comprometendo com o ser humano e sempre em prol deste ser humano.
A verdade é que Deus se afeiçoa tanto ao homem que dele se torna parente!

Um Deus Humano?
No Cristianismo, que na verdade seria uma continuação ou outra versão do judaísmo, (ou sei lá o que, o certo é que o cristianismo está profundamente ligado ao judaísmo), bem, no cristianismo, encontraremos um Deus que se compadece da raça humana e dela se torna parte.
No evangelho de João encontramos o relato do Deus que se faz gente, que se torna como eu e você, suscetível as mesmas fraquezas, paixões, dores, prazeres, alegrias e sofrimento.
O Deus eterno se torna filho de Abraão, filho de Davi, de Jessé, de Isaque, Jacó, Judá, José e Maria, se torna parente, se faz aparente!
No cristianismo temos um Deus tão amoroso, tão compassivo, tão amigo, que dá o filho dele para que seja nosso filho, nosso irmão e nosso pai.
Não há relato semelhante em nenhuma outra religião ou mitologia.
Temos então aí um Deus que conhece pessoalmente a crise e as falências humanas, não somente porque é onisciente, mas porque também é homem, “porque só quem sofreu sabe avaliar quem sofreu”.
Esta é uma das verdades mais lindas do evangelho, é a beleza da religião e faz parte da disciplina que coroa a teologia, a cristologia.
Infelizmente a verdade seja clara, evidente e de fácil compreensão, não é este Deus, este Jesus, não é este o evangelho que tem sido anunciado de cima dos púlpitos “evangélicos” do Brasil.
O Deus Emanuel, o Cristo presente no sofrimento humano não tem sido o suficiente para os cristãos.
Estamos em meio ao anúncio do Cristo Leão, do cavaleiro no cavalo branco, que desembainha a espada e ruge botando seus inimigos pra correr. No zodíaco evangélico entramos no ano do Leão e na era da unção.
Em Apocalipse 5.6, na revelação extraordinária de João, um ancião de dias lhe apresenta o Leão da Tribo de Judá, mas só lhe é revelado “um Cordeiro como tendo sido morto”.
Estamos vivendo a síndrome do já ganhou, a mesma que acomete os atletas de super-times, que se acham invencíveis e não conseguem se concentrar no combate que têm pela frente nem nas artimanhas dos rivais, e consequentemente caem, se frustram, morrem na praia.
Se existe um signo, uma marca, um sinal do qual estamos debaixo, é a cruz e suas implicações, toma sua cruz e segue-me nos ordena o mestre, mas a igreja tem abandonado a cruz pelo meio do caminho, tem trocado a missão pelas promessas de vantagens aqui e no além-túmulo, ou seja, uma boa pensão alimentícia em vida e um gordo seguro de vida na eternidade.
Aqui, nas sinagogas evangélicas tupiniquins, têm se anunciado um evangelho de vitórias sucessos e prosperidade, onde o sofrimento é conseqüência do pecado e da falta de fé, ou pior, da infidelidade.
Onde o choro só é permitido se ele for o prenuncio de uma manhã gloriosa de bênçãos.
Não quero de nenhuma forma fazer apologia ao sofrimento e dizer que o crente tem mesmo é que sofrer e se ele quer vitória, vai chorando geme e chora!
A verdade é que o sofrimento é uma constante na vida do ser humano; sofremos ao nascer, sofremos ao morrer, sofremos porque amamos, sofremos porque não somos amados, sofremos porque chegamos cedo demais, sofremos porque chegamos tarde, sofremos porque temos que esperar, sofremos porque não somos esperados, sofremos porque temos dores, sofremos porque os outros sofrem, enfim, sofremos sempre e sempre temos motivos para sofrer.
Mas o sofrimento é só um detalhe, a esperança é muito maior e a alegria realmente vem pela manhã, mas não sabemos o quanto esta noite poderá durar, por isso é muito importante que nossa lâmpadas estejam bem cheias de óleo, porque chorar toda a noite já será um desafio, agora chorar a noite toda e no escuro, ninguém merece.
A pregação deste evangelho de não-sofrimento leva as multidões a negarem suas dores e problemas, e que nega suas mazelas, não as enfrenta, não as combate e se assim faz não as vence, não as domina, e consequentemente se frustra, morre na fé, foge de Deus e do evangelho.
Neste trecho do evangelho de João, vemos que o próprio Deus-homem-Homem-deus, se agita, se perturba com o sofrimento e chora!
Alguém pode dizer, “ah, mas ele ressuscitou o morto ou não”?
Sim, ressucitou porque teve poder, teve fé para tal, e me envergonho de dizer que não tenho fé e poder pra isso, aliás os casos de ressurreição hoje são raríssimos, e muitos dos pouco relatados são relatos mentirosos de falsos profetas ladrões das ofertas do altar.
Agora o que mais me impressiona não é que um Deus tenha o poder divino para curar, ainda que limitado por estar em estrutura e essência humana, mas é que tenha o poder humano de se compadecer e chorar.
O poder de ressuscitar, muitos de nós ainda não temos, mas o de se perturbar e chorar, este nós temos e podemos usá-los, agora mesmo se for este o caso.
Jesus não nega nem o seu próprio sofrimento, quanto menos o do ser humano, então, se doer, chore.
O sofrimento não é um privilégio humano, é uma permissão divina, é também um certificado de humanidade, é um dos momentos em que o homem é mais humano e mais sensível.
Deus não fecha os olhos para o sofrimento humano, antes, entra na história e intervém, sofre junto, para que também possa ser o consolo e a cura dessa dor.
Jesus não se compromete a evitar com que o ser humano sofra, isso seria nos provar de nossa própria humanidade, porém, se compromete a ser o bálsamo e o alívio, a redenção e a cura, não nos livra da noite escura, mas enche a nossa lanterna de azeite e garante uma manhã clara e radiante no final da noite.

Que Venha o Teu Reino!

Márcio Miazaki